Você sabe escolher brinquedo para filho, sobrinho, neto? Terapeuta ocupacional do Instituto da Criança da USP dá dicas preciosas
por Conceição Lemes do Blog da Saúde
Principalmente em época de Natal e Dia da Criança, anúncios maravilhosos de brinquedos invadem a mídia. Não são publicidade de brinquedos em geral. São produtos de marca, dos artistas X e Y ou de herois de desenhos e filmes infantis da hora. Tudo feito para conquistar a criançada.
Os “consumidores” ficam extasiados, claro. Os pagadores (pais, avós, tios) ficam…
Bem, os pagadores frequentemente ficam numa situação difícil. Comprar (são brinquedos caros) ou não comprar?
Exatamente por conhecer esses dilemas, a terapeuta ocupacional Aide Mitie Kudo, responsável pela Brinquedoteca do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, propôs este teste.
Imagine-se numa loja escolhendo presente para seu filho, sobrinho, neto. Você daria preferência ao brinquedo:
a) Mais caro, pois “pelo preço ele deve ser bom”?
b) Adequado à faixa etária da criança?
c) Com um montão de peças, pois “é bonito, é o que está na moda”?
d) Importado, já que “se é de fora, deve ser melhor”?
“Mãe, não caia no apelo de comprar o mais caro por causa dos anúncios”, orienta a Aide Kudo. “A mídia quer que você ache que os brinquedos mais caros são os melhores e, portanto, pague pela marca. O brinquedo ideal é aquele adequado à faixa etária da criança e seguro, seja caro ou barato. Do contrário, vai ser inútil”
Quer um exemplo? Está na última moda um jogo de quebra-cabeça de 100 peças. É lindo! Se for dado a uma criança de 3 anos de idade, ela não conseguirá montar. Para ela tem de ser jogo com menos peças e, ainda, tridimensionais. Nessa faixa etária, a criança visualiza objetos que tenham altura, comprimento e largura, e não imagens chapadas.
“Já vi muitas crianças pegarem pote de plástico e ficarem colocando e tirando pecinhas lá dentro por horas a fio”, exemplifica Aide. “Elas mesmas transformaram o pote da cozinha, que não custou nada, numa brincadeira muito prazerosa. Prova de que preço mais caro não deve ser critério para compra.”
“O brincar é mais do que um entretenimento, diversão e lazer”, acrescenta Aide. “É uma forma natural e espontânea para estimular o desenvolvimento físico e mental da criança.”
Por isso, se quiser que o brinquedo seja aproveitado e não ofereça risco, é fundamental ter alguns cuidados na hora de comprar e escolher. A terapeuta ocupacional Aide Kudo dá as dicas:
* Não existe brinquedo ideal. Cada criança tem seu próprio universo. Leve conta os gostos, interesses e habilidade da sua criança.
* Observe as recomendações sobre a faixa etária; está indicada na embalagem. Ela é resultado de estudos feitos por especialistas na área.
* Segurança é fundamental. Verifique se o brinquedo tem o selo do Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial ). A certificação é a garantia de que o produto foi fabricado de acordo com as normas de segurança.
* Brinquedos importados devem trazer, em português, as recomendações para faixa etária, uso e selo do Inmetro.
* Evite brinquedos com peças pequenas e ímãs; crianças menores podem colocar na boca e engolir.
“Nenhum brinquedo, porém, substitui a sua relação com a criança”, arremata Aide. “O mais importante é você criar situações para brincar junto.”