Você já sonhou em estudar, trabalhar ou mesmo poder matricular o seu filho no Ensino Médio em uma escola que não tem nota, nem disciplinas isoladas, nem exame final e, tampouco, aulas que o professor fica a falar diante dos alunos perfilados em suas carteiras ?
Uma escola de período integral , cujas manhãs são reservadas para o ensino mais teórico, digamos assim , e à tarde para as oficinas práticas que o próprio aluno escolhe , com no máximo 30 alunos por sala ?
Você já sonhou com uma escola cujo o objetivo maior é o de desenvolver a personalidade do aluno, ajudando-o a descobrir o ramo de atividade para o qual tem vocação, preparando-o para enfrentar um mundo difícil e em constante mutação ?
Uma escola que professores não ficam apavorados com a cola porque as avaliações tem consulta livre: o aluno pode recorrer a anotações, cadernos, mapas e livros porque o importante é o processo de estudo e não o erro e a decoreba?
E você já sonhou com uma escola para o seu filho estudar que, mesmo passados 40 anos, ela ainda permanece viva no coração dele e em suas lembranças, de tal forma que ele sinta uma forte necessidade de reencontrar com os seus colegas de turma e com seus ex-professores para com eles criar uma associação, cuja missão é mantê-la viva na história da educação brasileira?
E você já sonhou com tudo isso ocorrendo em uma escola pública?
Pois não é que tudo isso já existiu?
Nos anos 60, do século XX, foram criados os Ginásios Vocacionais primeiramente em São Paulo, Americana e Batatais e depois em Barretos, Rio Claro e São Caetano do Sul. Leia um trecho de um artigo de José Hamilton Ribeiro que saiu na Revista Realidade em abril de 1967 (o artigo na íntegra você poderá ler aqui)
“Os cinco ginásios vocacionais em funcionamento estão localizados em Batatais, Barretos, Rio Claro, Americana e São Paulo (Brooklin). Cada um tem um programa de estudo adaptado à sua cidade, por exemplo, Americana, fundada por americanos, os alunos de primeira série podem começar o ano estudando a Guerra de Secessão do Estados Unidos. Enquanto isso, no ginásio de Batatais, os mesmos alunos de primeira série estão iniciando as atividades em volta de um quadro de Portinari: o pintor nasceu na região (Brodósqui) e deixou muitas obras espalhadas pela cidade, já em Barretos tudo pode ter seu começo numa fazenda, à beira de um curral de zebus.”
Nos Ginásios Vocacionais estudaram mais de 8 mil alunos entre os filhos da elite paulistana e de operários, mas exatamente em 12 de dezembro de 1969 policiais invadiram as seis escolas prendendo professores e pais de alunos e decretando o fim dos colégios vocacionais.
Toda essa história está contida no documentário Sete Vidas eu Tivesse… dirigido por José Maurício de Oliveira, da turma de 63 do GEVOA, em homenagem a diretora Maria Nilde Mascellani
As instituições de ensino podem pedir uma cópia de outros documentários a respeito , como o Vocacional Uma Aventura Humana visando exibí-las para seus professores e alunos. O pedido pode ser feito por intermédio da GVive -Associação de Ex-alunos, Ex-Colaboradores e Amigos do Sistema de Ensino Vocacional do Estado de São Paulo – gvive@gvive.org.
Sonia, boa noite.
Procurando dados sobre o assunto do corte etário, encontrei o grupo no face e seu blog. Minha filha está inserida no grupo de crianças prejudicadas, impetrei ação judicial, consegui a liminar (via comarca de Indaiatuba). Agora a escola alega uma exceção de incompetência e estou em total desespero, posto que se acolhida…minha liminar vai por terra e a situação da Marina será o retrocesso ao maternal. Por favor, o que vc tiver de material me envie, estou no prazo de manifestação da exceção. Eles querem que o processo seja encaminhado a uma vara da fazenda, alegando que a negativa de matrícula é da secretaria e que não conseguem inserí-la no cadastro da Prodesp.
Qq ajuda será muito válida.
Em desespero.
Maria
Olá Maria, eu sou da área da educação , de modo que pouco entendo da jurídica, mas em função desta problemática que envolve a data-corte acabei que entrando em algumas discussões.
Bem, não sei do que se trata essa exceção de incompetência … o que tem a ver a Prodesp com isso?
O que você precisa? Tenho a ação do MPF de Pernambuco e a liminar que foi concedida. Em ambos há os argumentos em defesa da matrícula. Segue o link https://www.soniaranha.com.br/2011/12/11/matricula-de-criancas-com-5-anos-a-completar-6-anos/
Mas me diga o que você precisa para eu verificar se tenho algo por aqui, ok?
Abraços e muita força!
Sonia,
Parabéns pelo blog! Sou deste tempo, dos ginásios vocacionais. Morria de admiração por quem estudava neles.Grandes nomes deste país passaram por eles. Que bom resgatar esta história da educação. abração, Doraci
Oi Doraci! Obrigada pela visita!
Eu fiquei tão emocionada … ” sete vidas eu tivesse , sete vidas eu daria! ” me lembrei de inúmeros educadores que deram suas vidas pela educação brasileira.
Será que só nos resta recordar , resgatar e relembrar ?
Forte abraço!