A rede municipal de ensino de Campinas sofre com o déficit de professores prejudicando a qualidade do ensino cujo Ideb é de 5,2 para 1º ao 5º anos e 4,2 para o 6º 9º anos e sofre com a falta de respeito de seus governantes.
O déficit parece girar em torno de 300 professores, gerando situações das mais esdrúxulas. Conto uma delas:
Escola Municipal de Educação Infantil , EMEI Perseu Leite de Barros, no centro de Campinas é a escola das minhas duas sobrinhas netas. Uma delas de 4 anos em uma classe com apenas 7 alunos. Nesta semana os pais foram chamados para terem ciência de que esta sala de aula teria que ser fechada.
Isso mesmo, você leu corretamente. Fechar uma sala de aula. Com tanta necessidade de vagas, justamente em uma escola no centro de Campinas fecha-se uma sala. Motivo:uma professora deixa uma sala de 20 alunos em função de licença médica. Como não há substitutas disponíveis e como os concursos públicos não são periódicos, não há também professores para ocuparem os lugares daqueles que se aposentam ou que tiram licença médica a cada dia. Sem contar que em ano de eleição não se pode efetivar contratações mesmo que esporádicas.
A solução da direção da escola pública municipal das minhas sobrinhas netas foi a de fechar esta sala com 7 alunos , transferí-los para uma sala de aula do período oposto ou ,para os pais que não podem mudar de período, distribuir as crianças em salas de outra série com alunos mais velhos. A professora da minha sobrinha neta foi transferida para a sala dos 20 alunos, substituindo assim aquela em licença.
Veja o transtorno para estes 7 alunos que terão que se adaptar no meio do ano com uma nova professora, novos coleguinhas e um modo diferente de dinâmica em sala de aula. Um transtorno também para a professora e para os outros 20 alunos e , sobretudo, para aquela que receberá os novos alunos, com diferentes idades, tendo que gerenciar agora 28 alunos.
O problema foi resolvido, mas as crianças é que levaram a pior da história porque não há preocupação e respeito para com as crianças, já que a escola não foi feita para elas.
É preciso que o poder público com suas políticas coloquem o aluno no foco do ensino público. O aluno é o motivo pelo qual a escola, a Secretaria de Educação, os programas de governo em educação fazem sentido. O único motivo de todo o resto existir é porque existe o aluno. Ele, e somente ele, é o objetivo da educação.
É preciso planejar e é preciso construir uma visão sistêmica de governança.
É preciso criar com urgência uma lei municipal que regularize a periodicidade dos concursos públicos garantindo a validade de 2 anos.
É preciso zerar o déficit de professores (aproximadamente de 300 professores) e de agentes de educação infantil ( aproximadamente de 600) para atender com dignidade a população infantil de Campinas.