Eu sou disléxica.
Não sabia disso, isto é, eu não sabia que o modo como eu pensava e conectava as letras, sílabas e as palavras chamava-se dislexia, soube a bem pouco tempo atrás.
Eu só sabia que ao ser alfabetizada tive muitas dificuldades, sobretudo, em trocas de letras: b por p , f por v, t por d, dentre outras.
De modo que no início da minha alfabetização o resultado do meu ditado era todo vermelho, o que me frustrava muito.
Minha mãe era professora alfabetizadora , razão pela qual sempre incentivou-me a ler. Lembro-me que ela começou a ler comigo As Reinações de Narizinho: ela lia uma página e eu lia outra , até o momento no qual eu consegui ler sozinha.
Com o incentivo de minha mãe para a leitura e o meu espírito imaginativo que adorava viver mais nos mundos inventados do que no meu próprio, comecei um processo de leitura sem fim.
No início da adolescência, entre 11 (onze) ou 12 (doze) anos, eu lia muito e escrevia muito. Meu sonho era ser escritora,por isso comprava cadernos e lá ia eu escrevendo os capítulos a imitar o estilo de um autor e depois de outro, horas a fio, sozinha e entretida com as minhas histórias.
De tanto ler e escrever fui superando as barreiras impostas pela dislexia, além de guardar algo essencial para o processo de aprendizagem que foi e continua sendo a convicção de que o erro não me derrotaria. Errar faz parte do processo de aprender. Sem o erro não há mudança de nível de aprendizado: levantar uma hipótese, testá-la, errar, levantar outra hipótese, testá-la, acertar e assim sucessivamente.
Não importava quantos ditados vinham em vermelho, pois eu sabia que um dia seriam todos azuis (muito embora eu , enquanto professora, nunca usei caneta vermelha para a correção dos cadernos e provas dos alunos, tamanho trauma que peguei . Eu usei sempre o lápis preto para fazer a correção e com muita delicadeza,porque não há coisa que doa mais do que uma correção sem piedade).
E foi assim.
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Acredito que levei 34 (trinta e quatro) anos exatos para vencer a dislexia. Somente na minha dissertação de mestrado é que considero ter dominado, de certa forma, a língua portuguesa,dando um chega pra lá na dita cuja. Se bem que se não prestar atenção, ainda posso trocar letras ou inventar alguma palavra.
Mas o pulo do gato é muita leitura e muita escrita para minimizar a dislexia.
Assistam o vídeo a respeito.
Tenho 46 anos e aos 40 anos descobri que sou disléxica e DPAC. Tenho algum direito na empresa onde trabalho? Por preconceito do pessoal do RH associam a dislexia e o DPAC ao baixo QI.
Ana, recomendo que você busque um advogado de Direito Trabalho e faça uma consulta, ok?
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