Pare por 15 minutos o que estiver fazendo para ouvir esta palestra do Irmão David Steindl-Rast que responde a seguinte pergunta: quer ser feliz? Seja grato.
De ouvir esta palestra que ocorreu no TED siga , siga olhando com mais atenção as oportunidades que surgem a cada momento e agradeça por elas.
Seja feliz!
Existe uma coisa que vocês sabem de mim, uma coisa bastante pessoal e há uma coisa que eu sei de vocês, cada um de vocês e que está bem no centro de suas preocupações. Há uma coisa que sabemos de todos que encontramos em qualquer lugar do mundo, nas ruas, que é o principal motivo do que quer que eles façam e o que quer que eles aturem, e essa coisa é que todos nós queremos ser felizes. Nisso estamos todos juntos. A forma como imaginamos nossa felicidade varia de uma pessoa para outra, mas já é bastante que todos tenhamos em comum o fato de querermos ser felizes.
Bem, meu assunto é gratidão. Como é a conexão entre felicidade e gratidão? Muitas pessoas diriam: “Bem, isso é muito fácil. Quando se está feliz, sente-se gratidão”. Mas pensem novamente. Será que são mesmo as pessoas felizes que são gratas? Todos conhecemos um grande número de pessoas que têm tudo para serem felizes e não são felizes, porque elas querem algo a mais ou querem mais do mesmo. E todos conhecemos pessoas que passam por várias adversidades, adversidades pelas quais nós próprios não gostaríamos de passar, e são profundamente felizes. Elas irradiam felicidade. É surpreendente. Por quê? Porque elas são gratas. Então, não é a felicidade que traz a gratidão. É a gratidão que traz a felicidade. Se vocês pensam que é a felicidade que os torna gratos, pensem novamente. É a gratidão que os torna felizes.
Agora, podemos perguntar: o que queremos dizer exatamente com gratidão? E como ela funciona? Eu recorro às suas próprias experiências. Todos nós sabemos por experiência como funciona. Nós vivenciamos uma coisa que é valiosa para nós. Algo nos é dado, que é valioso para nós. E é realmente dado. Essas duas coisas têm que vir juntas. Tem que ser algo valioso, e um verdadeiro presente. Você não o comprou. Você não fez por merecer. Você não trocou por nada. Você não trabalhou por isso. Só foi dado a você. E quando essas coisas acontecem ao mesmo tempo, algo que é realmente valioso para mim e que percebo que foi dado gratuitamente, então a gratidão espontaneamente cresce em meu coração, a felicidade espontaneamente cresce em meu coração. É assim que a gratidão acontece.
Bem, o segredo disso tudo é que nós não podemos vivenciar isso somente de vez em quando. Não podemos ter somente experiências de gratidão. Podemos ser pessoas que vivem em gratidão. Viver em gratidão, é isso que importa. E como podemos viver em gratidão? Vivenciando, estando ciente de que cada momento é um momento dado, como dizemos. É um presente. Você não fez por merecer. Você não o produziu de maneira nenhuma. Não há nenhum jeito de ter certeza de que haverá outro momento dado a você. E, mesmo assim, essa é a coisa mais valiosa que poderia ser dada a nós. Este momento, com todas as oportunidades que ele contém. Se não tivéssemos esse momento presente, não teríamos qualquer oportunidade de fazer coisa alguma, ou de vivenciar coisa alguma. E esse momento é um presente. É um momento dado, como dizemos.
Agora, dizemos que o presente dentro do presente é realmente a oportunidade. É pela oportunidade que você se sente realmente grato, não a coisa que lhe é dada, porque se aquilo fosse alguma outra coisa e você não tivesse a oportunidade de aproveitá-la, de fazer alguma coisa com ela, você não se sentiria grato por ela. Oportunidade é o presente dentro de todos os presentes, e nós temos um ditado: “A oportunidade só dá uma chance”. Bem, pensem novamente. Cada momento é um novo presente, cada uma das vezes, e se você perder a oportunidade deste momento, outro momento nos é dado, e outro momento. Podemos nos beneficiar dessa oportunidade, ou podemos desperdiçá-la, e se nos beneficiarmos da oportunidade, essa é a chave para a felicidade. Observem a chave mestra para a nossa felicidade em nossas próprias mãos. Momento a momento, podemos ser gratos por esse presente.
Será que isso significa que podemos ser gratos por tudo? Certamente não. Não podemos ser gratos pela violência, pela guerra, pela opressão, pela exploração. No nível pessoal, não podemos ser gratos pela perda de um amigo, pela infidelidade, pela perda. Mas eu não disse que podemos ser gratos por tudo. Eu disse que podemos ser gratos em cada momento dado pela oportunidade, e mesmo quando somos confrontados com algo terrivelmente difícil, podemos nos levantar nessa ocasião e responder à oportunidade que nos é dada. Não é tão ruim como pode parecer. Na verdade, quando você observa e vivencia isso, você descobre que, na maioria das vezes, o que nos é dado é a oportunidade de aproveitar, e somente a desperdiçamos porque passamos pela vida com pressa e não paramos para ver a oportunidade.
Mas, às vezes, algo bem difícil nos é dado, e quando essa coisa difícil acontece conosco, é um desafio para se levantar à oportunidade, e podemos nos levantar a ela ao aprender uma coisa que, às vezes, é dolorosa. Aprender a ter paciência, por exemplo. Nós ouvimos que a estrada para a paz não é uma corrida de velocidade, mas é mais como uma maratona. É preciso paciência. É difícil. Pode ser para lutar pela sua opinião, lutar pela sua convicção. Essa é uma oportunidade que nos é dada. Para aprender, para sofrer, para lutar, todas essas oportunidade nos são dadas, mas elas são oportunidades, e aqueles que se beneficiam dessas oportunidades são os que nós admiramos. Eles fazem algo com a vida. E aqueles que falham recebem outra oportunidade. Nós sempre recebemos outra oportunidade. Essa é a maravilhosa riqueza da vida.
Então, como podemos encontrar um método que se aproveitaria disso? Como cada um de nós pode encontrar um método para viver em gratidão, não somente ser grato de vez em quando, mas ser grato em cada momento? Como podemos fazer isso? É um método muito simples. É tão simples, que é na verdade o que nos foi dito na infância, quando aprendemos a atravessar a rua. Pare. Olhe. Siga. Isso é tudo. Mas com que frequência nós paramos? Passamos pela vida com pressa. Nós não paramos. Perdemos a oportunidade porque não paramos. Temos que parar. Temos que nos aquietar. E temos que construir placas de “Pare” em nossas vidas.
Quando eu estava na África há alguns anos e depois voltei, eu reparei na água. Na África, onde eu estava, eu não tinha água potável. Toda vez que eu abria a torneira, eu ficava impressionado. Toda vez que eu acendia a luz, Eu ficava tão grato. Eu ficava tão feliz. Mas depois de um tempo, isso passa. Então, eu coloquei pequenos adesivos nos interruptores e nas torneiras, e toda vez que eu abria, água. Então, deixem para sua própria imaginação. Vocês podem descobrir o que funciona melhor para vocês, mas vocês precisam de placas de “Pare” em suas vidas. E quando você para, a próxima coisa é olhar. Você olha. Você abre os olhos. Você abre seus ouvidos. Você abre seu nariz. Você abre todos os seus sentidos para essa maravilhosa riqueza que nos é dada. Não há um fim para isso, e é disso que se trata a vida, aproveitar, aproveitar o que nos é dado.
e assim podemos também abrir nossos corações, nossos corações para as oportunidades, para as oportunidades de também ajudar os outros, de fazê-los felizes, porque nada nos deixa mais felizes do que quando todos nós estamos felizes e quando abrimos nosso coração às oportunidades, as oportunidades nos convidam a fazer algo, e isso é o terceiro. Pare, olhe e depois siga, e faça realmente alguma coisa. E o que podemos fazer é o que quer que a vida lhe ofereça nesse momento presente. Na maioria das vezes, é a oportunidade de aproveitar, mas às vezes é algo mais difícil.
Mas, seja o que for, se aproveitarmos essa oportunidade, apostarmos nela, nós somos criativos, essas são as pessoas criativas, e aquele pequeno “pare, olhe, siga”, é uma semente tão potente que pode revolucionar nosso mundo. porque precisamos, nós estamos, no momento presente, no meio de uma mudança de consciência, e você vai se surpreender se você — Eu sempre fico surpreso quando escuto quantas vezes essa palavra “gratidão” e “agradecimento” aparece. Você a vê em todo lugar, uma companhia aérea grata, um restaurante grato, um café grato, um vinho que é grato. Sim, eu até me deparei com um papel higiênico cuja marca se chama “Obrigado”. (Risos) Há uma onda de gratidão porque as pessoas estão ficando cientes da importância disso e como isso pode mudar o mundo. Pode mudar nosso mundo de maneiras imensamente importantes, porque se você é grato, você não tem medo, e se você não tem medo, você não é violento. Se você é grato, você age com um senso de suficiência e não um senso de escassez, e você está disposto a compartilhar. Se você é grato, você aprecia as diferenças entre as pessoas, e você respeita a todos, e isso altera esta pirâmide do poder sob a qual vivemos.
E isso não causa igualdade, mas causa respeito igual, e isso é que é importante. O futuro do mundo será uma rede, não uma pirâmide, não a pirâmide de ponta-cabeça. A revolução da qual estou falando é uma revolução pacífica, e é tão revolucionária que até revoluciona o próprio conceito de revolução, porque uma revolução normal é uma em que a pirâmide do poder fica de ponta-cabeça e aqueles que estavam na base, agora estão no topo e fazendo exatamente a mesma coisa que os outros faziam antes. O que precisamos é de uma rede de grupos menores, grupos cada vez menores que se conhecem, que interagem entre si, e isso é um mundo grato.
Um mundo grato é um mundo de pessoas alegres. Pessoas gratas são pessoas alegres, e pessoas alegres, quanto mais alegres são as pessoas, mais nós teremos um mundo alegre. Nós temos uma rede de vidas gratas, e elas se multiplicaram. Não conseguimos entender por que se multiplicaram. Nós temos oportunidades para as pessoas acenderem uma vela quando elas estão gratas por alguma coisa. E 15 milhões de velas já foram acesas em uma década. As pessoas estão ficando cientes de que um mundo grato é um mundo feliz, e todos temos a oportunidade pelo simples “pare, olhe, siga”, de transformar o mundo, de torná-lo um lugar feliz. E é isso que eu espero para nós, e se isso contribuiu só um pouco para que vocês queiram fazer o mesmo, parem, olhem e sigam.
Obrigado.
(Aplausos)