Alguns conceitos, tais como: não-linearidade, complexidade, multiplicidade, redes, interdependência, conexões, parecem-me que são conceitos chaves para uma mudança de visão de mundo.
Estes conceitos possibilitam um olhar, suponho e espero, mais crítico, ou seja, interrogativo junto a verdade do poder dos governos e de seus discursos sobre a verdade. O que nos levaria a compreender um mundo, seja natural ou social, também em seus conflitos, desigualdades e contradições.
Não é minha intenção pensar a respeito de uma possível pedagogia ecológica e/ou de uma possível Eco-Escola defendendo, explicita ou implicitamente, o determinismo biológico, o darwinismo social ou coisa que o valha. Como também discordo da visão paradisíaca da natureza, isto é, uma natureza vista como harmônica, colaborativa muito melhor,portanto, que as sociedades humanas, horríveis com seus conflitos e violência. Efetivamente não estou nessa. Razão pela qual enfatizo os conceitos acima e faço um alerta nesta postagem.
Minha atenção foi despertada para possíveis equívocos (tais como os descritos acima) de compreensão junto à idéia ou concepção da pedagogia ecológica que aqui estou construindo, quando li o texto intitulado Determinismo Biológico: o desafio da Alfabetização Ecológica na Concepção de Fritjof Capra de Philippe Pomier Layrargues. Nele o autor analisa os fundamentos, princípios e objetivos da Alfabetização Ecológica, com ênfase na concepção de Fritjof Capra, e discute os limites e possibilidades desse modelo educativo que chama de biologicista de educação ambiental.
Philippe tece as seguintes críticas, a meu ver , pertinentes e importantes: “ A Alfabetização Ecológica, na concepção de Capra, reside em dois pressupostos: (a)conhecer os princípios ecológicos básicos para deles extrair determinadas lições morais,para a seguir (b) transpor essa moralidade presente na natureza às formações sociais humanas, a fim de se retomar o rumo civilizacional em padrões sustentáveis. Esses pressupostos são passíveis de duas críticas: (a) a escolha eminentemente ideológica dos princípios ecológicos básicos, que obedecem a um critério segundo o qual a Natureza é considerada como um Bem em si, cuja natureza é essencialmente cooperativa e harmoniosa, como se também não fosse competitiva e conflituosa, e a Sociedade é compreendida como uma aberração da natureza humana, por abrigar princípios competitivos e conflituosos na regulação das formações sociais; e (b) em decorrência disso, desponta o caráter educativo da proposta da Alfabetização Ecológica, que resulta no uso equivocado do determinismo biológico.” (p.5)
Não vou aqui aprofundar esta questão porque neste momento apenas basta este alerta , mas sempre vale lembrar que a pedagogia ecológica ,a qual me refiro aqui , não se fundamenta no biologismo social ou darwinismo social, longe disso.
Creio que qualificar a obra “Alfabetização Ecológica” de CAPRA com o rótulo “biologismo social” ou “determinismo biológico” não passa de uma visão reducionista de toda a teoria do autor.
Parece nem se dar conta dos benefícios que ela está deixando para as pessoas na Califórnia, bem como para a própria natureza, embora de forma incipiente,mas que está no caminho certo. É sempre assim no mundo atual: quando alguém se dispõe a fazer algo de bom para a humanidade,terá sempre os que querem “provar” o contrário, para que nada mude mesmo e permaneça como está.