Não fui eu que cunhei o termo pedagogia ecológica, tampouco, sei quem o fez. Acho até engraçado a criatividade do pessoal da área educacional. Há de tudo: pedagogia da diferença, a do conflito, a tradicional, a crítica dos conteúdos, a libertária… enfim… ecológica é mais uma a compor o rol desta listagem sem fim. Por outro lado, também considero válido, já que cada nome que adjetiva o termo pedagogia possui uma importância ao buscarem ser ouvidos, separados e diferenciados dos demais.
A pedagogia ecológica tem sido forjada por inúmeras pessoas em diferentes lugares. Acredito, no entanto, que o mais expressivo destas pessoas seja o Fritjof Capra, autor dos famosos livros O Tao da Física e o Ponto de Mutação e , sobretudo o mais recente, o Alfabetização Ecológica. Outra importante contribuição é do educador ambientalista David Orr que escreveu A Terra em Mente ambos são diretores do Centro para Ecoalfabetização localizado em Berkley Califórnia Estados Unidos da América.
O grande objetivo da pedagogia ecológica parece ser o de construir um mundo sustentável a partir do conhecimento da natureza, daí a ênfase da alfabetização, no sentido de saber o b-a-bá da botânica, da zoologia, enfim, dos processos que regem o ambiente natural que estamos imersos.
Provavelmente há diferenças entre as diversas propostas para designar um ensino/aprendizagem que utilize o termo ecológico (alfabetização ecológica, a pedagogia ecológica, a eco-escola , ecoeducador ), todavia, penso que existe consenso em relação a necessidade de se construir uma visão de mundo sistêmica na qual conceitos como teia dinâmica de relações, multiplicidade, interconexão e probabilidade , são absolutamente importantes para fazer um contraponto com a nossa confortável visão de mundo mecanicista/newtoniana.
Não há como promover a sustentabilidade sem distribuição de riquezas. Primeiro, que só pode ser sustentável o que atua em rede, aplicando-se algumas leis do modelo sistêmico como interdependência mútua, parceria, cooperação, diversidade e até reciclagem e flexibilização.
Explico:
1 – interdependência – a dependência mútua de todos os processos vitais do sistema, que deriva suas propriedades essenciais e a sua própria existência nas relações com outras coisas (a saúde de cada membro do sistema depende da saúde de muitos outros);
2 – A natureza cíclica dos processos sistêmicos é um importante princípio da sustentabilidade. Os laços de realimentação dos sistemas são as vias ao longo das quais os nutrientes são continuamente reciclados (sendo sistemas abertos, todos os organismos de um sistema produzem resíduos, mas o que é resíduo para uma atividade é alimento para outra, de modo que o todo permanece livre de resíduos);
3 – parceria e cooperação – uma característica essencial do conceito sistêmico, uma tendência para estabelecer ligações, para viver dentro de outra organização e para cooperar – é um dos certificados de qualidade – a competição só favorece a acumulação e não a distribuição;
4 – flexibilidade – é o resultado dos múltiplos laços de realimentação, que tendem a levar o sistema de volta ao equilíbrio sempre que houver um desvio com relação à norma, devido a condições ambientais mutáveis;
5 – diversidade – a complexidade da uma rede sistêmica é uma consequência da sua diversidade. Uma atividade sistêmica diversificada é elástica, capaz de se adaptar a situações mutáveis.
As crises de hoje e de ontem deram-se justamente por falta de uma percepção mais acurada de que as organizações produtivas necessitam compartilhamento e laços de retroalimentação independentes, flexíveis, cooperativos, em rede complexa e diversificada. No modelo atual, por ser extremamente inflexível, competitivo e monopolista, quando uma variável sobe ou desce demais ocorre a perda de controle, o desequilíbrio que rompe as relações gerando tensão em todo o sistema e consequêntemente a supressão cirúrgica que compromete o equilíbrio do todo.
Por Erly Ricci