A Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, atendendo uma política implementada pelo Governador Geraldo Alckmin (PSDB), está colando em prática o programa de Reorganização do Sistema Ensino Público do Estado de São Paulo.
A ideia é fazer com que cada unidade escolar atenda apenas um ciclo de ensino, por exemplo:
– anos iniciais do ensino fundamental
– anos finais do ensino fundamental
– ensino médio
A Secretaria de Educação do Estado de São Paulo alega que :
– Escolas de ciclo único tem desempenho 10% superior na comparação com aquelas que têm vários ciclos;
– Que o Estado de São Paulo teve uma queda de 1,3% ao ano de pessoas em idade escolar;
– A rede pública estadual perdeu 2 milhões de alunos em 17 anos;
– A remanejamento dos alunos terá como critérios: estudo de geolocalização e um deslocamento de 1,5 km .
– Aproximadamente serão 1 milhão de alunos transferidos.
Os alunos e professores são contrários a esta reorganização e se manifestam nas ruas das cidades porque:
1) Os pais de alunos irmãos terão dois deslocamentos a cumprir se um dos filhos estudar, por exemplo, no 5o ano e o outro no 6o ano , porque um será matriculado em uma unidade escolar e o outro em outra;
2) Não há como escolher a unidade escolar. A responsabilidade pelo critério de mudança , com matrícula automática, está a cargo das Diretorias de Ensino.
3) Um professor que, por exemplo, leciona Matemática de 6o ao Ensino Médio em uma única unidade escolar, terá que se deslocar porque lecionará em duas unidades distantes entre si . Em cidades grandes sabemos o quanto é oneroso em termos financeiros e físicos/emocional o deslocamento.
4) Com a reorganização provavelmente as salas de aulas ficarão mais cheias.
5) E o mais importante, toda esta mudança que mexe com a vida de muitos não foi discutida com a comunidade escolar. As Associações de Pais e Mestres, a Apeoesp , e outras entidades não foram chamadas para discutir este plano de governo estadual. Simplesmente houve um comunicado do que será feito.
O modo autoritário de gestão gera , sem sombra de dúvida, o confronto.
Em um Estado de Direito Democrático o que se espera é o diálogo , com a participação de todos os envolvidos para que soluções sejam encontradas para todos, afinal quem paga os impostos? Quem precisa da educação pública e de qualidade?
Ainda não se sabe ao certo quantas escolas sofrerão com esta reorganização. A Apeoesp lançou uma lista de 116 escolas que serão fechadas , mas as Diretorias de Ensino, responsáveis pelo estudo de deslocamentos da região que supervisionam, ainda não resolveram a questão.
Fechar escolas é um desatino.
O argumento é de que houve um enxugamento no número de matrículas.
Mas será que houve mesmo? Vamos aos números.
Se olharmos os dados do Censo Escolar vamos conferir o número total de alunos matriculados no Estado de São Paulo:
2014 = 10.320.191
2010 = 10.508.042
2000 = 9.693.587
Há um aumento do número de alunos de 2000 para 2014, com ligeira queda de 2010 para 2014.
Mas o curioso é observarmos os dados de responsabilidades pelo atendimento dos alunos.
Quantos alunos deste total de matrículas são de responsabilidade da Secretaria Estadual de Educação do Estado de São Paulo?
Nota-se que do total de matrículas coube para a Secretaria Estadual de Educação do Estado de São Paulo atender 41% (rede estadual de ensino). Os municípios ficaram com 37% (rede pública municipal) e as instituições de ensino privadas com 22% (rede particular de ensino).
Está incluído nestes 41% educação infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio, EJA Fundamental e Médio (presencial e semi-presencial) e Educação Especial (escolas e classes especiais),portanto, tudo.
Somente as etapas do Ensino Fundamental e Ensino Médio o Estado de São Paulo é responsável pelo atendimento de 3,8 milhões.
Mas estou a trabalhar com todas as diferentes etapas da Educação Básica.
Em 2010
A rede pública de ensino estadual atendia 46% do total de matrículas em 2010, 36% ficou sob a responsabilidade dos municípios ( rede de ensino municipal) e 18% para a rede de ensino particular.
Em 2000
Em 2000 a rede pública de ensino estadual se responsabilizava por 59% do total de matrículas do Estado de São Paulo, a rede de ensino municipal ficava com 27% e a rede privada com 14%.
As matrículas de responsabilidade federal (grande parte no ensino médio) não as incluí porque são bem pequenas para efeito de cálculo, não chegam a 1%, em geral do Ensino Médio. Isso se deve porque a responsabilidade da Educação Básica não é federal, esta limita-se ao Educação Superior.
Muito embora tenha ocorrido um aumento no número total de matrículas de 2000 para 2014, com uma ligeira queda entre 2010 para 2014 , a responsabilidade da Secretaria Estadual de Educação diminuiu:
2000 – 59%
2010 – 46%
2014 – 41%
É interessante notar também que os Municípios aumentaram a sua participação:
2000 -27%
2010 -36%
2014 -37%
Mas quem de fato cresceu em números de matrículas foi o setor privado:
2000 -14%
2010 -18%
2014- 22%
Então, a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo efetivamente tem encolhido a sua participação no atendimento de matrículas de alunos no Estado de São Paulo e quem tem sido favorecido com este encolhimento é o setor de ensino privado:
O número de escolas privadas proliferou e a melhoria de renda da população nesses últimos anos aumentou, fatores que fizeram com que houvesse uma transferência significativa de matrículas para as escolas privadas.
Mas temos que ter em mente que nossa Constituição garante a educação pública para todos. O Estado encolher e deixar para o setor privado atender uma boa parcela das matrículas não parece ser uma boa política pública.
Os municípios aumentaram o atendimento de 2000 para 2010 , passou de 27% para 36% , mas nesses últimos anos mantiveram o mesmo patamar.
Quem encolheu foi a rede pública estadual e quem cresceu foi a rede privada de ensino.
Esta é a intenção , portanto, da política de reorganização das escolas públicas estaduais, encolher mais um pouco.
E quem sofre com isso? As crianças e jovens das classes menos favorecidas da população paulista.
————————————————————
AJUDE A MANTER ESTE BLOG PARA QUE ELE POSSA AJUDAR VOCÊ – faça uma doação, clique no botão abaixo. Saiba mais sobre as motivações aqui
Depósito no Banco Itaú -ag.1370- c/c 05064-1
Olá … minha duvida não se encaixa muito no tema acima, porém não tenho mais a quem recorrer … Meu filho estuda na rede SESI de ensino, a dois anos consecutivos tento transferencia para outra unidade proxima a nossa casa e eles sempre negam o pedido ,alegando que não existem vagas, existe alguma lei que obriga a transferencia principalmente se tratando transferencia de de municipio?
Joyce,
O artigo 53 do ECA vai dizer que é direito do aluno estudar em escola pública próximo de sua residência.
Mas não diz nada de escolas privada.
O SESI , embora receba dinheiro Federal, é considerado escola particular e não pública.
Não sei nesse caso.
Recomendo que busque a Defensoria Pública, imprima o artigo abaixo e leve para entrar com ação contra o SESI.
http://dp-rs.jusbrasil.com.br/noticias/100367584/estudantes-conquistam-direito-de-estudar-em-escola-proxima-as-suas-residencias
Veja que é um caso de escola pública mas quem sabe…
Outra forma é denunciar esta unidade escolar para o Ministério Público do Estado de São Paulo (se morar aqui) explicando a situação e pedindo que intervenham.Não deixe de explicitar qual é a unidade que pretende a matrícula.
http://www.mpsp.mp.br/portal/page/portal/Educacao
educacao@mpsp.mp.br
ok? abraços
AJUDE A MANTER ESTE BLOG PARA QUE ELE POSSA AJUDAR VOCÊ – faça uma doação, clique no botão abaixo. Saiba mais sobre as motivações aqui
depósito no Banco Itaú – 341-ag.0546- c/c 69960-4-Centro de Estudos Prospectivos de Educação e Cultura-CNPJ 03.579.977/0001-01