Para contrapor o halloween, da cultura estadunidense, e combater a postura hegemônica cultural daquele país sobre os demais, foi instituído o Dia do Saci em diversos municípios e estados brasileiros. Na cidade e no estado de São Paulo a lei vigora desde 2004. Mas a primeira cidade a comemorar a data foi São Luís do Paraitinga, que prepara uma grande festa para este ano. O ministro do Esporte, o deputado Aldo Rebelo (PCdoB), tem um projeto de lei que institui a data nacionalmente.
Aldo apresentou o projeto numa tentativa de resistência à invasão das bruxas no conceito dos países anglo-saxões que nada dizem sobre o nosso imaginário popular cultural. E a cada ano que passa é visível como nossas crianças estão cada vez mais suscetíveis e expostas a essa cultura não-brasileira. Por isso é tão importante o Dia do Saci no dia 31 de outubro.
Mas, o projeto foi arquivado em 31 de janeiro de 2007, quando houve a mudança de mandato e, de acordo com o regimento, a maior parte dos projetos segue para a gaveta.
Integrantes da Sociedade dos Observadores de Saci (Sosaci), grupo criado em São Luiz do Paraitinga (SP) por apaixonados por sacis – que se declaram criadores e observadores de sacis – afirmam que reportagens sobre projetos de lei considerados exóticos pode ter causado o arquivamento.
O Saci-Pererê surgiu na região do Sul do Brasil e partes da Argentina, Paraguai e Uruguai, no território dos índios Guaranis, segundo a Sosaci. Não se sabe ao certo a data de seu nascimento, mas sabe-se que ele era um curumim, uma criança indígena, travesso, conhecedor e defensor da floresta. Além disso, ele tinha as duas pernas, diferente do que foi disseminado por décadas pelo país.
Os primeiros registros sobre o Saci são do século 17 e de lá pra cá sofreu várias modificações, muitas feitas pelos escravos negros brasileiros. O Saci que era indígena passou, então, a ser negro, perdeu uma perna e ganhou o costume de fumar um cachimbo. E ganhou popularidade desta forma como personagem de Monteiro Lobato no Sítio do Picapau Amarelo.
De acordo com a lenda contada pelos escravos, o saci era um menino escravo que cortou uma das pernas por preferir ser um perneta livre do que escravo com duas pernas. Outros dizem que na verdade a perna do Saci é central, o que refuta a tese anterior.
O saci faz muitas travessuras e teria entre 70 cm e 77 cm e abrange características de todo povo brasileiro, considerado uma mistura de outros povos. Sua origem indígena o torna conhecedor e defensor da natureza, sua cor da pele, negra, representa o povo brasileiro, e a carapuça vermelha representaria a influencia do povo europeu.
De acordo com os especialistas em saci, existe também a explicação de que o gorro era usado na Roma Antiga como símbolo do escravo liberto. Na frança, época da Bastilha o acessório também era usado como símbolo de liberdade”.
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